segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Humor e Literatura Segundo O JL IX (Final)

JL: A literatura de humor também pode ser grande literatura?

Isabel Ermida: Sem dúvida. Os nomes acima mencionados, bem como muitos outros não referidos, sobretudo no universo anglo-americano, assim o provam. Arrisco-me até a defender que não há boa literatura sem humor - porque aquela versa sobre a natureza humana e esta se manifesta exemplarmente pelo riso. Atribui-se a Aristóteles a máxima "O riso é próprio do homem", pelo que diria, sob pena de soar pomposa, que onde a vocação universalista da literatura melhor se plasma é nesta dimensão fundamental que distingue os humanos dos animais. Os preconceitos contra a literatura de humor, a que já me referi há pouco, são uma realidade, mas reitero que o são mais em países como o nosso, em que a literatura ainda tem um carácter elitista e está associada a uma ideia de erudição e cultura de conotações bastante sorumbáticas. Em Inglaterra, onde as pessoas lêem romances de bolso no metro londrino e nas filas das cantinas, não me parece que essa questão se coloque, pelo menos com a mesma premência.

Leia a entrevista com Ricardo Araújo Pereira e as respostas ao inquérito de Jacinto Lucas Pires, Manuel António Pina, Manuel Silva Ramos, Mário de Carvalho, Pepetela e Rui Zink na edição em papel do JL.

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