quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A hipopótama Nikita

SKETCH DE ACTUALIDADE

“Hipopótamo aproveita cheias para fugir”

“Nikita, de duas toneladas, partiu a jaula e nadou para fora do zoo.”

In http://dn.sapo.pt/Inicio/ (há uns dias).

Num talkshow, o apresentador dirige-se ao público.

A – E, como testemunho da sua coragem contra o sistema opressivo dos jardins zoológicos, convidámo-la a vir ao nosso programa de hoje. Senhoras e senhores, a grande Nikita!

Aplausos. A hipopótamo Nikita entra no palco, tropeçando e fazendo um buraco no chão do cenário.

N – Ai! Desculpe… Foi sem querer…

A – Não faz mal, sente-se!

N – Olhe, não é querer ser mal-educada, mas tenho medo que esse banquinho que o senhor tem aí seja demasiado frágil para a voluptuosidade do meu belo corpo. Posso ficar de pé?

A – Esteja à vontade, faça como se estivesse em casa.

N – Ai, não me diga isso! Ficar outra vez presa numa jaula como na minha última morada? É isso que o senhor quer?

A – Não, nada disso… Queria apenas que se sentisse confortável!

N – Oh, para isso devia ter pensado em arranjar um pequeno charco para eu me poder banhar! Acha mesmo que esse copinho de água ia servir? Nem para uma unha…

A – Peço imensa desculpa, para a próxima pensarei numa outra solução que se adapte aos convidados, para que estejam mais confortáveis.

N – Pronto, já percebi. Queria só deixar claro que acho que estou a ser muito mal recebida. Na minha nova morada tenho tudo! Olhe, tenho um belo riacho e uma ponte onde me abrigar para dormir, além da imensa adoração dos fãs que me visitam e me deixam imensas prendas: rebentos de capim, os meus preferidos, e umas belas canas de bambu importadas!

A – Não a querendo interromper, gostava que nos falasse um pouco do que a trouxe cá. A senhora é um exemplo de atitude e coragem contra a opressão dos humanos em relação aos animais!

N – É verdade! Eu acho que é uma falta de humanidade o que os humanos fazem a alguns animais. E geralmente fazem-no aos animais mais bonitos, o que, por si só, é uma injustiça tremenda! Fazem-no aos hipopótamos, como eu, aos leões, aos ursos, não fossem esses alguns dos animais preferidos nos circos.

E – Pois é, não nos esqueçamos que não é só nos zoos que estas situações acontecem, nos circos existem animais nas mesmas condições!

N – Nas mesmas condições? Pior! Sabe, tive uma amiga leoa, éramos íntimas. Ela trabalhava num circo, coitada… Obrigavam-na a saltar pelo meio de círculos em chamas, a andar sobre as patas traseiras! Coitadinha, uma trabalheira, ela sofria imenso!... Tanto que a pobrezinha acabou por terminar com a vida.

E – Suicidou-se?

N – Mais ou menos. Terminou com a vida do treinador, depois fizeram queixa à polícia e eles é que terminaram com a vida dela.

E – Ultrapassando este triste incidente, Nikita, tem alguma palavra de apoio que possa dar aos animais que sonham um dia seguir os seus passos e libertarem-se do domínio humano?

N – Rezem, rezem muito para que os humanos poluam, usem muitos desodorizantes com CFC’s e aerossóis e que não consigam entender-se em relação ao tratado de Quioto.

E – Então porquê?

N – Porque quanto mais poluírem, mais catástrofes naturais há pelas alterações climáticas, maiores hipóteses de se abrir um buraquinho na jaula e poderem ir nadar para longe.

E – Nikita, muito obrigado pelo seu depoimento…

Interrompendo

N – Espere lá que ainda tenho umas coisinhas a dizer. Gostava de dizer que existem muitas formas de exploração dos animais! Falámos há pouco dos jardins zoológicos, mas há outras como, por exemplo, a exploração capitalista da SONAE. Façam uma doação no número de conta que está agora a passar em rodapé e vão ao site www.libertemosanimaisoprimidospelasonae.org !

Nikita tira um cartaz de trás das costas e começa a gritar

N – Libertem a Popóta! Libertem a Leopoldina!

E – Fiquem para o próximo episódio, senhores espectadores, teremos outros convidados de peso, como o famoso mamute Manfred do Ice Age! Fiquem connosco e descubram como sobreviver a uma era glaciar! Não percam o próximo programa!

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